Os Efeitos do Divórcio Sobre os Filhos
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Quer para pais quer para filhos, os efeitos do divórcio podem, sem dúvida, ser uma experiência com resultados devastadores. Para já a faixa etária de uma criança trata-se de um tópico delicado por si só, embora esteja dependente de uma série de fatores. Numa era na qual os divórcios atualmente notam um crescimento exponencial, é importante ressalvar os seus efeitos sobre os laços familiares entre pais e filhos. A EDUKAR hoje vai-lhe mostrar um pequeno vislumbre dos efeitos que uma separação pode ter quer numa criança quer num adolescente.
O que influencia os efeitos do divórcio nos mais novos?
Segundo a Academia Americana de Pediatria, no âmbito do seu artigo “Helping Children and Families Deal With Divorce and Separation”, as consequências da separação de um casal podem estar profundamente interrelacionadas com diversos fatores. Os autores destacam os seguintes tópicos:
- A idade da criança ou adolescente;
- O ambiente familiar que se sentia antes do divórcio;
- A capacidade que os pais foram demonstrando perante os seus filhos no que toca a gerir a sua própria raiva e frustração;
- A capacidade que os pais demonstram em se focar nas necessidades dos filhos;
- A personalidade da criança ou adolescente;
- A qualidade da relação dos pais com os filhos.
Como a idade se torna num fator determinante para a criança:
Nunca é demais ressalvar que a idade da criança acaba por se tornar num fator de peso face à sua perceção da situação. Nesse sentido há diversas indicações que convém serem tidas em conta antes de anunciar as mudanças que estão para vir. Em baixo separamos alguns fatores e recomendações de especialistas tendo em conta a idade da criança.
Bebés até aos 3 anos
Esta é capaz de ser uma das idades mais delicadas face a reações a um divórcio. Se a criança tem menos ou até 3 anos idade, poderá começar a refletir nos seus comportamentos o stress, o conflito e a preocupação dos pais. Começam a revelar irritabilidade com bastante frequência, uma tendência para chorar mais, aumento da ansiedade de separação, problemas de sono e gastrointestinais e em casos mais severos, medo e regressão no seu desenvolvimento.
Posto isto, é importante salientar que nestas faixas etárias a criança vai precisar da presença de ambos os pais. Nesse sentido é necessário fomentar a partilha de momentos de carinho. Os pais devem ser participativos em atividades como o banho, a alimentação e passeios. É fulcral que a criança, independentemente das circunstâncias da separação, construa uma sensação de afeto para com ambos os pais.
Dos 4 aos 5 anos de idade
Aqui a capacidade de compreensão das crianças já é relativamente maior, embora ainda se note o seu desenvolvimento. Nestas idades os filhos tendem a culpar-se pela rutura e infelicidade dos seus pais. Poderão interpretar de forma errada o que sucede no processo de divórcio o que leva a que façam mais birras, comecem a temer o abandono e até pesadelos e fantasias negativas.
Idade escolar (dos 6 aos 12 anos)
Nestas idades em que as crianças convivem com outras crianças e já têm outras responsabilidades académicas, os efeitos retratados variam conforme estejam na primária ou já a avançarem para o secundário. Nalguns casos a criança poder revelar-se mais ausentes ou preocupados relativamente às suas atividades o que pode levar a uma baixa no seu rendimento escolar.
Há até relatos de casos em que a criança passou a revelar maior agressividade perante um conflito, um sentimento de rejeição e/ou traição para com o progenitor mais ausente e conflitos para com a sua identidade sexual. Tendo em conta o segundo tópico, é importante ter em atenção as “lealdades” perante um progenitor, sendo fulcral que a criança perceba que estar com um progenitor não implica o parar de comunicar com o outro.
Além de ser recomendado um apoio de psicologia para a criança, se possível, aqui os pais devem focar-se no reforço do seu afeto para com a criança. É importante que nunca deixem de salientar à criança que de que estarão sempre com ela e que ela continua a ser uma parte fulcral da sua nova vida. Por isso é importante levar as crianças a conhecer a nova casa, bem como propor-lhe a oportunidade de decorar o seu quarto.
A partir dos 13 anos
A adolescência pode ser uma idade mais madura em relação aos casos que mencionamos anteriormente, ainda assim não deixa de ser uma idade delicada e bastante sujeita aos efeitos do divórcio dos pais. Além das consequências na autoestima do jovem, este irá desenvolver uma autonomia emocional prematura para gerir os seus sentimentos negativos. Em casos de ira, confusão e mau ambiente generalizado, o adolescente pode ser levado por maus caminhos, nomeadamente ao consumo de drogas ou tabaco. Há também relatos mais extremos sobre condutas sexuais inapropriadas, depressões severas, agressividade e até atos de vandalismo.
Lembre-se que esta é uma idade na qual os amigos começam a ter um papel mais dominante que os pais para o adolescente. Isto, seja com pais juntos ou separados, leva a que os mesmos deixem de ser o foco do filho(a). Por isso certifique-se de que há uma base sólida de partilha e convivência, caso contrário rapidamente deixará de existir contacto e afeto para com ambos os progenitores.
O que pode fazer para minimizar os impactos negativos que o divórcio tem nos filhos?
- Certificar-se de que a criança sabe que ela não é a principal culpada do divórcio;
- Qualquer assunto em litígio deve ser resolvido o mais longe possível dos filhos de modo a evitar que eles presenciem momentos desagradáveis;
- Evitar submeter as crianças a pressão ou chantagem emocional;
- Não manipular os seus filhos contra o outro progenitor, muito menos usá-los como “arma” para benefícios;
- É importante que os pais cheguem a um acordo prévio face às condições da guarda partilhada e que esteja de acordo com os interesses dos filhos;
- Não criticar ou desvalorizar as opções do outro progenitor em frente aos seus filhos. Em caso de discordância face à educação das crianças, essas diferenças devem ser discutidas e acordadas em privado.
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